terça-feira, 5 de maio de 2020

Lamento ...



       Creio que este blogue pretende ser um “ponto de encontro” de todos os que, por um maior ou menor período de tempo, passaram pela Universidade da Beira Interior, um blogue onde se partilhe experiências e momentos, histórias e peripécias, sem “filtros” sem “ambições” sem “hierarquias”.
Assim sendo, permitam-me manifestar o meu incómodo, num blogue anterior, institucionalmente inserido num projecto “político” da Academia e, pelos vistos, de um ou outro membro, quando, muitos dos textos serviram de manifestação de episódios, não apenas académicos mas, mais ilustrativos da capacidade pedagógica e, eventualmente técnica, da UBI de então, da UBI dos 80’s e que, no meu entender, mais que promover, mais que dignificar, só servem de demonstração das lacunas de então que, acredito, com o tempo, no decurso dos 34 anos passados, foram identificadas, corrigidas, ultrapassadas e, gosto de acreditar, elevaram a UBI a uma Academia de excelência e qualidade.

Porém, um comentário, no grupo “UBI 80’s”, do facebook, de autoria do “Vice-Dean”, nome “pomposo” mas que, creio, português, significará “Vice-Reitor”, Nuno Garcia, face a uma situação de “divisão” ocorrida, no blogue “Rota Ubiana”, onde escreve:

Para perceber, é preciso conhecer as pessoas...
Um abraço a todos, em especial aos que não desistem, que não insultam, e que nunca deixaram de ter as mangas arregaçadas e os braços prontos para trabalhar :)

Trouxe-me de novo á realidade, a algo, em 2020, tão similar a outras situações, de há mais de 30 anos.

De facto, até acredito que, algures, nos inícios da UBI, Nuno Garcia, connosco se tenha cruzado, connosco tenha privado mas, sinceramente, não o recordo, como recordo cada um e todos os académicos, alunos e não-alunos, que colaboraram na construção da UBI, da Academia, porém, tal não será importante, importante será, isso sim, a este, acredito brilhante académico, o conhecimento que terá do percurso de cada um e de todos os alunos e ex-alunos que lhe permitirá, ajuizar das suas capacidade de luta, de arregaçar as mangas, de realizar esforço braçal.

Pessoalmente, dele, nenhuma informação possuo…

Nada de relevante conheço …

Tal lacuna, não será importante, acredito, até porque dele, não mais irei falar …

Já quanto ao insulto, não entendo a que se refere, eventualmente, confundirá, o que me custa acreditar, enquanto académico brilhante e estudioso dedicado, á afirmação da diferença, ao direito á crítica, á independência no discurso, á expressão livre de “lápis azul”, ao universalismo livre de barreiras, enfim, á verdade sem reservas, sem “favores”.

Enfim, lamento …

Como disse, em outro texto, público também, parti na primeira oportunidade, parti levando a formação, o conhecimento que a UBI me forneceu, num tempo onde, “bullying”, “excesso de autoridade”, “incompetência”, ”chantagem”, “segregação” existiam, na sua forma que não na sua vertente mediática, sem dúvida, nunca esquecerei a sua relevância mas, também, o imenso esforço pessoal, em trilhar um caminho, como muitos de nós, um caminho que antes, ninguém havia realizado.

Claro que tenho orgulho nesse percurso, claro que tenho orgulho na Academia mas, como disse, também, não mais voltei, não mais regressei pois, o mínimo que se exigirá, a quem nos ensina, a quem nos faz lutar, é um exemplo, é um compromisso similar e, por isso, vêr uma Academia que, na mensagem e no trabalho do mestre, se pretendia inovadora, se pretendia pioneira, se pretendia exemplar, ir-se acomodando, ficar refém do “faz o que eu digo e não o que faço”, magoou e desiludiu-me.

Enfim, também aqui, lamento …

Nunca tive tal oportunidade, a oportunidade de, junto do Prof. Fiadeiro, conhecer as razões de “saída” da academia, daquela academia que era a “sua” casa, e a opção pelo mundo Industrial, empresarial, por um lado porque, desde sempre, nunca negou que os objectivos da Engenharia que leccionava, respeitava os princípios de “hans-on”, de acção industrial, da prática mas, suspeito, a sua opção, se deveu a um sentimento semelhante, de desilusão com o caminho, de falta de identificação com o futuro …

Esperemos que, mais á frente, alguém “arrepie” caminho, alguém assuma e respeite, os objectivos que estiveram na criacção da Academia, da UBI e, por fim, respeite a história.

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