quarta-feira, 13 de maio de 2020

Ser ou parecer ...




Mediatismo, ilusão ou realidade …

Vivemos numa era de mediatismo, onde a repetição de algo, até á exaustão, cria a ilusão de ser uma realidade, qual pedido de desculpas verbalizado mas nunca assumido, nunca tido como necessário, como alteração comportamental, como evolução …

Seja na imprensa, rádio, T.V ou redes sociais, a proliferação de textos e imagens, prosa ou poesia, conteúdos ou chavões, insurge no espírito mais débil, um conceito de realidade que, não bastas vezes, provoca desespero, revolta aquando do confronto com o real …

Longe vai o tempo onde, se esperava e desesperava, por assistir a palestras, por conviver, com quem, por mérito da sua obra, por excelência do seu percurso, detinha o poder de ser considerado um “opinion maker” um influenciador, na sua área.

Relembro, com saudade, o nervosismo, a tensão e atenção com que, muitos de nós, responsáveis comerciais, de desenvolvimento de produto, de design ou de colecções, ouvíamos os diversos “guru’s” da moda, em Itália, em Paris, etc… num desfilar de tendências futuras, de cores a combinar, de materiais a utilizar, cuja interpretação individual poderia representar o sucesso ou fracasso, das empresas, nas campanhas seguintes.

Actualmente, qualquer, sem necessidade de experiências extraordinárias, de percursos profissionais referenciais ou de vida assinalável, desde que com uns milhares de “seguidores” dos seus registos, nas redes sociais, se auto-intitula “Influencer”. 
Isso torna-se extremamente arriscado, extremamente perigoso, por várias razões, desde logo pela volatilidade e leviandade dos conteúdos e, depois, pelo risco inerente a igual conceito, relativamente á responsabilidade e responsabilização dos efeitos.

Esta “facilidade” de se influenciar sem uma correcta responsabilidade ética sobre o que se influencia, torna-se perigosa e, extremamente redutora, na capacidade analítica das próximas gerações que, de tão habituadas a “seguirem” determinada “personagem” prescindem, confortavelmente, da sua capacidade de análise, de filtragem, sobre o que é transmitido.

Já sobre a presente geração, relativamente á anterior, se denota, uma opção sistemática, pelo facilitismo de “acesso” em detrimento do esforço pela conquista, do suficiente, em troca da excelência e, essa atitude, reflete-se, até, na capacidade crítica e de escolha face ao futuro.

Agora, com esta pandemia, toda uma batalha quase perdida, dos “novos adolescentes” em prol da socialização, versus o isolamento social, em virtude de actividades digitais e informáticas, transformou-se numa derrota estrondosa. 
Não apenas esses adolescentes, como todos nós, fomos obrigados a prescindir dos contactos sociais, das experiências de diálogo, das discussões de ideologias e conceitos, da partilha de ideias e interpretações, todos nós fomos impedidos de partilhar, espaços e afetos, ideias e emoções, tornando-nos, ainda mais, reféns do digital, prisioneiros do individualismo, fãs do “parecer”.

Para quando a liberdade da discussão, da retórica, do convívio salutar…

Para quando o regresso do real, do ser, por oposição ao parecer …   

1 comentário:

António Rocha disse...

Vasco, somos seguidores de bons princípios,horários, responsabilidades,amizades eternas,respeito pelos mais velhos,somos dos q se levantam para ceder o lugar a alguém mais fragil.
Eu gosto de ser como tu (não sou tão teimoso)e outrps q conheço