Mediatismo, ilusão ou realidade …
Vivemos numa era de
mediatismo, onde a repetição de algo, até á exaustão, cria a ilusão de ser uma
realidade, qual pedido de desculpas verbalizado mas nunca assumido, nunca tido
como necessário, como alteração comportamental, como evolução …
Seja na imprensa, rádio, T.V
ou redes sociais, a proliferação de textos e imagens, prosa ou poesia,
conteúdos ou chavões, insurge no espírito mais débil, um conceito de realidade
que, não bastas vezes, provoca desespero, revolta aquando do confronto com o
real …
Longe vai o tempo onde, se
esperava e desesperava, por assistir a palestras, por conviver, com quem, por
mérito da sua obra, por excelência do seu percurso, detinha o poder de ser
considerado um “opinion maker” um influenciador, na sua área.
Relembro, com saudade, o
nervosismo, a tensão e atenção com que, muitos de nós, responsáveis comerciais,
de desenvolvimento de produto, de design ou de colecções, ouvíamos os diversos “guru’s”
da moda, em Itália, em Paris, etc… num desfilar de tendências futuras, de cores
a combinar, de materiais a utilizar, cuja interpretação individual poderia
representar o sucesso ou fracasso, das empresas, nas campanhas seguintes.
Actualmente, qualquer, sem
necessidade de experiências extraordinárias, de percursos profissionais
referenciais ou de vida assinalável, desde que com uns milhares de “seguidores”
dos seus registos, nas redes sociais, se auto-intitula “Influencer”.
Isso
torna-se extremamente arriscado, extremamente perigoso, por várias razões,
desde logo pela volatilidade e leviandade dos conteúdos e, depois, pelo risco
inerente a igual conceito, relativamente á responsabilidade e responsabilização
dos efeitos.
Esta “facilidade” de se influenciar
sem uma correcta responsabilidade ética sobre o que se influencia, torna-se
perigosa e, extremamente redutora, na capacidade analítica das próximas
gerações que, de tão habituadas a “seguirem” determinada “personagem”
prescindem, confortavelmente, da sua capacidade de análise, de filtragem, sobre o que é
transmitido.
Já sobre a presente geração,
relativamente á anterior, se denota, uma opção sistemática, pelo facilitismo de
“acesso” em detrimento do esforço pela conquista, do suficiente, em troca da
excelência e, essa atitude, reflete-se, até, na capacidade crítica e de escolha
face ao futuro.
Agora, com esta pandemia, toda
uma batalha quase perdida, dos “novos adolescentes” em prol da socialização,
versus o isolamento social, em virtude de actividades digitais e informáticas,
transformou-se numa derrota estrondosa.
Não apenas esses adolescentes, como
todos nós, fomos obrigados a prescindir dos contactos sociais, das experiências
de diálogo, das discussões de ideologias e conceitos, da partilha de ideias e
interpretações, todos nós fomos impedidos de partilhar, espaços e afetos,
ideias e emoções, tornando-nos, ainda mais, reféns do digital, prisioneiros do
individualismo, fãs do “parecer”.
Para quando a liberdade da
discussão, da retórica, do convívio salutar…
Para quando o regresso do real,
do ser, por oposição ao parecer …
1 comentário:
Vasco, somos seguidores de bons princípios,horários, responsabilidades,amizades eternas,respeito pelos mais velhos,somos dos q se levantam para ceder o lugar a alguém mais fragil.
Eu gosto de ser como tu (não sou tão teimoso)e outrps q conheço
Enviar um comentário